sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Eu não sou uma sonhadora...

Posso dizer que quando criança ouvi muito minha mãe dizer " - Menina, onde você está? No mundo da Lua? " O mundo da Lua bem que parecia algo interessante... olhava para o céu com meu super mini-binóculo querendo saber o que poderia existir lá. Esticava o braço pensando como chegar, parecia tão perto! Mas, como assim no mundo da Lua? Não sabia o que era ou como chegar, mas sabia que lá eu não estava! Eu estava ali, paradinha, sempre estive. Tudo bem que, se eu parar mesmo pra pensar, a cabeça sim estava longe. Nunca cheguei a perder o juízo, mas meus dois pés não alcançavam o chão desde cedo.
Que mal tem sonhar? E viver em um mundo de faz de conta nas horas vagas, o que há de errado nisso? Lembro bem da minha amiga imaginária, Cristina! A casa dela era atrás da enorme mangueira que existia no fundo do quintal e todas as tardes eu ia visitá-la, conversávamos por horas. Ainda bem que quando tudo isso aconteceu eu não devia ter mais que cinco anos, caso contrário seria obviamente chamada de louca, no mínimo isso. Se bem que, nos dias atuais, até uma criança de cinco anos acharia isso de mim já naquela época. Ainda bem que faço parte de uma geração ainda inocente que acreditava que pra participar do Show da Xuxa e ir embora na sua nave espacial era só quebrar a televisão e entrar dentro dela. "- Depois papai compra outra, mãe!".
O tempo passa, crescemos um pouquinho... já não tenho mais os dois pés fora do chão. Vamos considerar que um pé e meio só flutuam agora, isso só porque não seria mais aceitável uma mocinha conversando com um pé de manga todo fim de tarde tarde!
Mais alguns anos e um grande progresso... 1 pé pra cada lado, perfeito equilíbrio. Não que eu tenha deixado de voar longe, vivendo em um mundinho paralelo onde tudo aquilo que eu mais desejava pudesse sair como o esperado, mas começo a suspeitar que nem sempre as coisas são como queremos. Como dizem por aí, "quanto mais alto, maior a queda". Melhor então ter um ponto de apoio!
Um pé querendo fazer você viajar por aí é capaz de tornar "real" todo um conto de fadas. Tem coisa melhor do que fechar os olhos e ver as coisas no lugar certo, lado a lado, a pessoa certa do seu lado? É fantástico... ajuda a atrair bons pensamentos e sentimentos, boas energias... dá até força pra sair por aí atropelando o mundo para conquistar o que se busca, mesmo que você não saiba como nem por onde começar a fazer isso e acabe completamente imóvel sem fazer nada. A força pelo menos veio, você é que não soube usá-la a seu favor. Sem contar na lei da atração... usar o poder da mente para alcançar seu maior objetivo! Se está tudo acontecendo perfeitinho na sua cabeça, pensamento positivo maior não há!
Agradeço agora pelo pé no chão! Ele tem papel fundamental quando é preciso entender que na realidade nem tudo sai como imaginamos. Começamos a aprender a controlar um pouco nossa mente sonhadora e assim fica mais fácil manter-se firme... não era pra ser seu, não era pra ter sido, pode até ser um dia, mas ainda não era a hora... Infelizmente isso acontece mais do que o desejado... expectativas criadas, alegrias previstas... E agora?
E agora nada... continuo do mesmo jeito, com um pé só no chão! Ou então, como um pé voando em direção daquilo que eu desejo mesmo que só seja possível acontecer na minha cabeça... e, mais uma vez, só pra confirmar, só não fico mais com os dois pés longe da terra firme porque não posso mesmo voltar a conversar com árvores.
Pelo menos não na frente dos outros!
Já dizia Clarice Lispector: " Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade."
;)

5 comentários:

Recrazygirl disse...

Aiaiaiaiai...que saudades do meu tempo de criança. Dos meus cabelos, lisos e lindos, das minhas perninhas pequenas e gordinhas, do meu rosto, sem olheiras...tantas lembranças, algumas já esquecidas, outras perdidas...
Ótimo texto, viu! E, muito nostálgico. Parabéns!!!
Estou muito contente que tenha voltado a ativa...hehe
bjos...

Gabriel Ramos disse...

Hev...qto tempo!!! Mas, mto bom, valeu a espera. Realmente viajar é necessário, o que talvez falte a mim é ser louco de vez em qdo, sem se preocupar com o q vão falar, se der na telha falar com uma mangueira sem peso na consciência. Na minha infância não tive amigos imaginários, no máximo conversava com meus "Comandos em Ação".
Dream On...
Welcome back...
Bjo!!

C. Eduardo disse...

Cara amiga, confesso que não cheguei a ter amigos imaginários mas cheguei ao ponto de conversar com o meu "eu" várias vezes. Conversava bastante, mas sempre acreditei que nunca estava falando sozinho, sempre tinha um receptor a ouvir-me, e olha que funcionava, parecia um divã de um psicanalista. Se sou feliz hoje, confesso que uma certa fração deve-se aos momentos em que tinha tais conversas comigo mesmo. Excelente texto, sabia que vc ia longe menina...

Anônimo disse...

talento eu ja sabia q tinha, so precisava colocar pra fora td isso... quero mais amiga... mais descriçoes da alma, mais de um universo que só as palavras conseguem nos levar...

C. Eduardo disse...

Gostei muito do seu blog!
Por isso o indiquei para receber o Selo do Prêmio Dardos!
Passa no meu blog, e veja as regras!