sábado, 31 de maio de 2008

O que não se pode explicar aos normais - Catedral

Sobre o amor e o desamor, sobre a paixão,
Sobre ficar, sobre desejar, como saber te amar,
Sobre querer, sobre entender, sem esquecer,
Sobre a verdade e a ilusão,
Quem afinal é você?
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer?
Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver,
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais,
Sobre o porque de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mas pra que me comparar com uma flor, se eu sou eu
E a flor é flor?

Ah, não comparemos coisa nenhuma; olhemos.
Deixemos analogias, metáforas, símiles.
Comparar uma coisa com outra é esquecer essa coisa.
Nenhuma coisa lembra outra se repararmos para ela.
Cada coisa só lembra o que é
E só é o que nada mais é.
Separa-a de todas as outras o abismo de ser ela
(E as outras não serem ela).
Tudo é nada sem outra coisa que não é.

O quê? Valho mais que uma flor
Porque ela não sabe que tem cor e eu sei,
Porque ela não sabe que tem perfume e eu sei,
Porque ela não tem consciência de mim e eu tenho consciência dela?

Mas o que tem uma coisa com a outra
Para que seja superior ou inferior a ela?
Sim, tenho consciência da planta e ela não a tem de mim.
Mas se a forma da consciência é ter consciência, que há nisso?
A planta, se falasse, podia dizer-me: e o teu perfume?
Podia dizer-me: tu tens consciência porque ter consciência é uma qualidade humana
E eu não tenho consciência porque sou flor, não sou homem.
Tenho perfume e tu não tens, porque sou flor...

Alberto Caeiro
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Amar inteiramente

Eu não tenho o costume de entrar na vida das pessoas para trazer sofrimento, se por ventura isto acontecer, é porque no fim, eu não fiz o meu melhor ou não houve dedicação da outra parte.
Tento fazer alguém sorrir e acalentar a alma. Divirto pessoas, levo sempre uma palavra amiga, mas isto não quer dizer que eu não chore quando ninguém vê.
As pessoas deveriam amar mais, amar de todas as formas, sem ter medo do sofrimento. Sofrer muitas vezes é conseqüência. Sofrer não significa necessariamente, que algo ruim te aconteceu, mas quer dizer muitas vezes, que a pessoa significou muito (e significa), mas isso não quer dizer que ela não tenha feito o que podia por você.
A saudade que sentimos do que passou, significa que, por mais simples que seja, marcou e foi muito bom. Quero sentir muita saudade! Não quero que as pessoas se tornem indiferente na minha vida, pois não quero ser uma coisa passageira e sem importância pra ninguém.
Amo inteiramente, sinto os momentos plenamente, sorrio com vontade, quero guardar tudo dentro de mim, e ter certeza de que tudo valeu a pena.
Me adapto às pessoas e às situações, não por falta de personalidade, muito pelo contrario, faço isso porque compreendo que ninguém é igual a ninguém, mas isto não quer dizer que sempre entenda todos os motivos.
Não me arrependo pelos presentes valiosos (moral ou financeiro) que dei para uma pessoa que não mereceu. No momento tinha um significado e foi de coração. Se a pessoa guarda-o até hoje, é porque valeu a pena, se já não existe mais, um dia, por alguma razão, lembrará, e para mim, isto já bastará...
Não me arrependo de ter dito palavras que não foram correspondidas, pelo menos falei o que sentia, e quantas vezes deixamos de falar e perdemos as oportunidades. Nunca saberemos o que acontecerá se não arriscarmos... Ah, e como eu deixo de arriscar!
Me arrependo do abraço que não dei, do beijo que guardei, da mão que não segurei forte, das desculpas que não pedi (mesmo estando com a razão), dos lugares que não fui, das coisas que deixei de fazer por preguiça...
Quero olhar pra trás e ver que estava por inteira nas situações. Quero amar muito sem ser leviana.
Amo tudo o que me faz bem, lugares, amigos, família, paixões, momentos, palavras... Amo do fundo da alma, porque nesta vida só terei oportunidade de fazer isto uma vez. Tudo ficará na memória, e amanhã eu já não sei onde estarei, mas quero que as pessoas lembrem de mim.

domingo, 11 de maio de 2008

El equilibrista

O equilibrista

Como fica diferente o mundo visto daqui!
Sobre um fio imaginario no silencio que ha, atravessarei a imensidão que tenho diante de mim...
Asas para voar ao vento não tenho, desafiarei no ar a força da minha gravidade... moverei os braços abertos no infinito azul.
Como é distante o mundo visto daqui de cima!
Esquecendo do grande vazio ao meu redor, irei embora sem nunca olhar para trás...
Reencontrarei a estrada de meu coração... em equilibrio chegarei ao fundo, onde se respira livremente.
É a maior vertigem que existe... estar aqui, suspenso, sentindo vida em mim.
Senhor de mim.... eu rodopiarei no azul.
Como o céu fica proximo visto daqui de cima!
Esquecendo do grande vazio ao meu redor, irei embora sem nunca olhar para trás...
Reencontrarei a estrada de meu coração....em equilibrio chegarei ao fundo,
Sozinho dentro do azul... sozinho sem nunca cair...
Irei embora sem nunca olhar para tras...
Vislumbrarei de cima de um fio precário... o equilibrista não se pergunta nunca o que é a estabilidade.....vive ilusão e realidade...
Como fica diferente o mundo visto daqui....
Reencontrarei a estrada de meu coração... em equilibrio chegarei ao fundo, onde se respira livremente.
É a maior vertigem que existe...estar aqui, suspenso, sentindo vida em mim.
Seguro de mim eu rodopiarei no azul.
Como o céu fica proximo visto daqui de cima!
Esquecendo do grande vazio ao meu redor, irei embora sem nunca olhar para tras...
Reencontrarei a estrada de meu coração... em equilíbrio chegarei ao fundo,
Sozinho dentro do azul....sozinho sem nunca cair....nunca mais
Irei embora sem nunca olhar para trás...
Vislumbrarei de cima de um fio precário.... o equilibrista não se pergunta nunca o que é a estabilidade... vive ilusão e realidade...
Como fica diferente o mundo visto daqui....

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Para se roubar um coração...

Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente. Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade. Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos. Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago... e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. ... e é assim que se rouba um coração, fácil não? Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

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Luis Fernando Veríssimo

Ei, sorria...

Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.

Charles Chaplin

A idade de ser feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.
Mário Quintana

segunda-feira, 5 de maio de 2008