segunda-feira, 31 de março de 2008

Quando quiser falar, me fale;
Quando quiser gritar, me grite;
Quando quiser chorar, chore perto de mim;
Quando ficar triste, me demonstre;
Não deixe que minha insensatez seja maior que sua importância...Pois não é!
Quando eu vacilar, me corrija;
Quando eu não vir, me mostre;
Quando eu não conseguir, me estimule;
Quando eu magoar, peça para não fazer novamente;
Não espere até eu perceber que errei...Pois pode ser tarde!
Quando quiser me ver, me chame;
Quando estiver com saudade, me diga;
Quando estiver só, me ligue;
Quando se chatear, me diga o porquê;
Não finja que está tudo bem...Pois não estará!
Não passe por cima dos detalhes, Pois eles são fundamentais para que eu aprenda;
Aprenda a dar-lhe o que merece;
Aprenda a amá-la como merece;
Aprenda a ser perfeito...
Perfeito para você!...
Djavan Anterio

sexta-feira, 28 de março de 2008

"Par perfeito é coisa de sapato... Já repararam como o par perfeito do direito é o esquerdo? São parecidos, mas totalmente diferentes! Eles se complementam. Um existe sem o outro, mas não faz o menor sentido! Talvez o par perfeito seja esse alguém tão igual, mas tão diferente. A nossa forma ao contrário... Aquele que dá sentido em nossas vidas. Não algo que nos complete, mas complemente a vida de um modo simples e belo... Como um simples par de sapatos."
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Hélio Jr.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Ah, o tempo!

Ah, o tempo! Quando criança, vagaroso, sufocante. Mais uns passos já é capaz de transformar-se em lembranças, puro saudosismo – bons tempos aqueles e eu não sabia.
Possui as mesmas medidas, o mesmo caminhar, afinal, tempo é tempo! Dá às recordações de infância uma resposta esperançosa, um consolo: foi bom, mas olhemos para a frente. Somos jovens e ainda há tempo.
Como pode ser tão traiçoeiro? Ainda ontem era um menino, forte, com o olhar para frente, sempre... Mal o vi passar. Mal pude aproveitá-lo e agora eu pergunto: o que eu fiz com meus dias vividos?
O certo seria, com o espírito de uma criança preso em um corpo adulto já marcado pela vida, responder que abusei mais dele do que pensa ele ter me castigado.
A cada minuto do dia, a cada raio de Sol ou lágrimas misturadas ás gotas de chuva... A cada sorriso, canção, seja em silêncio ou não, a cada guerra de travesseiros. Extraí de cada experiência vivida a verdadeira essência do que é viver. Cada coisa em seu tempo, em cada tempo vivido.
Diria também não me arrepender pelo que fiz ou deveria ter feito. Soube enxergar nas coisas o que muitos mal são capazes de ver. Aproveitei cada instante, alguns só meus, únicos, de reflexão e reconforto para alma. Enfim, instantes em que realmente vivi.
Fui, porém, inconseqüente. Nada disso posso dizer.
Gastei a maioria do meu tempo pensando estar construindo fortalezas, fazendo como se costuma recomendar: olhando para o futuro, para frente, abrindo meus caminhos ou qualquer coisa do tipo. Tão cego fui e me perdi em minhas próprias estradas. Perdi companheiros especiais também. Tudo por, de Sol a Sol, esquecer-me de mim ou de quem quer que seja, esquecer-me que meu tempo já não é mais menino.
Se eu soubesse... Teria curtido mais as travessuras de criança (e das crianças). Teria me sujado mais, perdido a hora, saído por aí a fora.
Nada disso fiz e não adianta me lamentar. Só posso carregar lembranças de tudo o que não foi, de tudo o que não fiz ou fui.
Afinal, agora, já não há mais tempo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

O olhar adulto


Foi ele mesmo que me contou, como confissão de cegueira, dando depois permissão para que eu relatasse o milagre desde que não revelasse o santo. Médico, chegou a seu consultório com seus olhos perfeitos e a cabeça cheia de pensamentos. Eram pensamentos graves, cirurgias, hospitais, e os doentes o aguardavam na sala de espera.
Entrou o primeiro paciente que se submeteu mansamente à apalpação médica. Terminada a consulta, escrita a receita, no ato da despedida ele fez um elogio: “Doutor, que lindas são as orquídeas na sua sala de espera!”
Meu amigo sorriu embaraçado, com vergonha de dizer que não havia notado orquídea alguma na sala de espera e que, portanto, não sabia da beleza que o doente notara. Teve vergonha de revelar a sua cegueira. Entrou o segundo paciente. Ao final da consulta, sem conseguir conter o que sentia, observou: “São maravilhosas as orquídeas na sua sala de espera, doutor!” Novamente o sorriso amarelo, sem poder dizer o que não sabia sobre as orquídeas que não havia visto.
Veio o terceiro paciente e a coisa se repetiu do mesmo jeito. Aí o doutor deu uma desculpa, saiu da sala, e foi ver as orquídeas que o jardineiro colocara na sala de espera. Eram, de fato, lindas. Mas aí veio o agravante, pois o paciente, não satisfeito com a humilhação imposta ao doutor cego, observou que, na semana anterior, a árvore dentro da sala de consulta, plantada num vaso imenso, num canto, não era a mesma que ali estava, naquele dia. Mas o doutor cego de olhos perfeitos não notara a presença de árvore naquele dia nem a presença da árvore na semana anterior...
Ah! Você espera que tal cegueira possa existir! Mas eu lhe garanto que é assim que funcionam os olhos dos adultos em geral.
Lá vão pelo caminho a mãe e a criança, que vai sendo arrastada pelo braço – segurar pelo braço é mais eficiente que segurar pela mão. Vão os dois pelo mesmo caminho, mas não vão pelo mesmo caminho. Blake dizia que a árvore que o tolo vê não é a mesma árvore que o sábio vê. Pois eu digo que o caminho por que a mãe anda não é o mesmo caminho por que anda a criança.
Os olhos da criança vão como borboletas, pulando de coisa em coisa, para cima, para baixo, para os lados, é uma casca de cigarra num tronco de árvore, quer parar para pegar, a mãe lhe dá um puxão, a criança continua, logo adiante vê o curiosíssimo espetáculo de dois cachorros num estranho brinquedo, um cavalgando o outro, quer que a mãe também veja, com certeza ela vai achar divertido, mas ela, ao invés de rir, fica brava e dá um puxão mais forte, aí a criança vê uma mosca azul flutuando inexplicavelmente no ar, que coisa mais estranha, que cor mais bonita, tenta pegar a mosca, mas ela foge, seus olhos batem então numa amêndoa no chão e a criança vira jogador de futebol, vai chutando a amêndoa, depois é uma vagem seca de flamboyant pedindo pra ser chacoalhada, assim vai a criança, à procura dos que moram em todos os caminhos, que divertido é andar, pena que a mãe não saiba andar por não ter os olhos que saibam brincar, ela tem é muita pressa, é preciso chegar, há coisas urgentes a fazer, seu pensamento está nas obrigações de dona de casa, por isso vai dando safanões nervosos na criança, se ela conseguisse ver e brincar com os brinquedos que moram no caminho, ela não precisaria fazer análise...
A mãe caminha com passos resolutos, adultos, de quem sabe o que quer, olhando pra frente e para o chão. Olhando para o chão ela procura as pedras no meio do caminho, não por amor a Drummond, mas para não dar topadas, e procura também as poças d’água, não porque tenha se comovido com o lindo desenho do Escher de nome Poça D’água, uma poça de água suja na qual se refletem o céu azul e os ramos verdes dos pinheiros, ela procura as poças para não sujar o sapato. A pedra do Drummond e a poça de água suja do Escher os adultos não vêem, só as crianças e os artistas...
A mãe não nasceu assim. Pequenina, seus olhos eram iguais aos do filho que ela arrasta agora. Eram olhos vagabundos, brincalhões, que olhavam as coisas para brincar com elas. As coisas vistas são gostosas, para ser brincadas. E é por isso que os nenezinhos têm esse estranho costume de botar na boca tudo o que vêem, dizendo que tudo é gostoso, tudo é para ser comido, tudo é para ser colocado dentro do corpo. O que os olhos desejam, realmente, é comer o que vêem. Assim dizia Neruda, que confessava ser capaz de comer as montanhas e beber os mares. Os olhos nascem brincalhões e vagabundos – vêem pelo puro prazer de ver, coisa que, vez por outra, aparece ainda nos adultos no prazer de ver figuras. Mas aí a mãe foi sendo educada, numa caminhada igual a essa, sua mãe também a arrastava pelo braço e, quando ela tropeçava numa pedra ou pisava numa poça d’água, porque seus olhos estavam vagabundeando por moscas azuis e cachorros sem-vergonha, sua mãe lhe dava um safanão e dizia: “Olha pra frente, menina!”
“Olha pra frente!” Assim são os olhos adultos. Olhos não são brinquedos, são limpa-trilhos. Servem para abrir caminhos na direção do que se deve fazer. Assim eram os olhos daquela minha amiga que os usava para cortar cebola sem cortar o dedo, até que, um dia, o olho que morava dentro dos seus olhos se abriu e ela viu a beleza maravilhosa do vitral translúcido que mora nas rodelas de todas as cebolas, e ela tanto se espantou com o que via que pensou que estava ficando louca.
Coitados dos adultos. Arrancam os olhos vagabundos e brincalhões de crianças e os substituem por olhos ferramentas de trabalho, limpa-trilhos. Asssim eram os olhos daquele meu amigo médico: não viam nem as orquídeas nem as árvores que estavam dentro do seu consultório. Seus olhos eram escravos do dever. E ele não percebia que as coisas ao seu redor eram brinquedos que pediam aos seus olhos: “Brinquem comigo! É tão divertido! Se vocês brincarem comigo, eu ficarei feliz, e vocês ficarão felizes...”

Rubem Alves

segunda-feira, 10 de março de 2008


Amores Distantes

Quem não amou sem, de repente, já não poder trocar um beijo, um olhar, um sim, ou mesmo um não? Amores distantes são fantasmas, presenças incorpóreas, arrepios de vento ou de lembranças – não de toques.
Quem não amou pelo breve tempo de uma viagem, sabendo que ali na frente estava a volta com suas impossibilidades? O alongado tempo da ausência? Como se interpõe um oceano entre dois desejos, como se plantam montanhas, meridianos, paralelos entre duas ânsias de estar junto? Amantes separados têm necessidades que nenhum e-mail alivia, nenhuma carta com beijo de batom ameniza, nenhum telefonema consola – ao contrário: mais apertam o coração e o resto.
Quem não se apaixonou e teve de se afastar, só, deixando para trás um pedaço de si, transformado em metade, roubado do amor por uma transferência do trabalho, uma oportunidade, uma família que se muda? Ou quem, por outro lado, teve de ficar e se resignar, também metade? Duas metades oxidando suas cicatrizes, como laranja partida.
Quem não se enganou, pensando que era fugaz o amor e o dispensou, sem pena de o ver partir? Amor que mais tarde se revelou brasa dormindo sob as cinzas, mas agora sem remédio, pois o preterido se tornara de outra o preferido.
E quem não amou secretamente, por algum motivo?
Já foram mais duros os impedimentos do amor; as distâncias, mais impossíveis de vencer. Filhas eram postas em conventos pelos pais, que queriam matar sufocado algum amor que repudiavam. Até princesas eram encerradas em torres. Hoje princesas namoram cavalariços.
O inconfidente preso Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu de Marília, consolava-se com os poemas que escrevia para a amada no presídio de Vila Rica, impossibilitado de vê-la: "Nesta cruel masmorra tenebrosa / ainda vendo estou teus olhos belos, / a testa formosa, / os dentes nevados, / os negros cabelos". Ou este outro, escrito na prisão da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, sempre figurando a noiva: "Nesta triste masmorra, / de um semi-vivo corpo sepultura, / inda, Marília, adoro / a tua formosura. / Amor na minha idéia te retrata; / busca, extremoso, que eu assim resista / à dor imensa que me cerca e mata". Foi de lá exilado para a África e nunca mais a viu.
De tais tormentos não se podem queixar os presos de hoje, nestes tempos liberais que facultam a visita íntima – amor é abraço.
Até impedimentos banais foram cantados, como nesta canção dos anos de 1940: "Oi, eu de cá, você de lá / do outro lado da lagoa / de dia não tenho tempo / de noite não tem canoa". Boleros, sambas, valsas, modas sertanejas, tangos, blues, baladas, axés, reggaes, rocks – em todos os ritmos as canções falaram de amores a distância, porque a verdade é que amores venturosos não costumam dar ibope. "Quem parte leva saudade de alguém / que fica chorando de dor."
Há abismos que nós mes-mos abrimos, por nos faltar ousadia para dar o passo; há Julietas frustradas em balcões que não galgamos, Romeus vacilantes; há barreiras como a guerra, a doença, o fanatismo, o racismo, o autoritarismo, o casamento, que os apaixonados, mesmo próximos, por fraqueza ou juí-zo não conseguem transpor – tudo é distância, pois amor é abraço.
– E você, poeta? – pergunto.
– Em outro hemisfério já deixei suspirosas Cristinas, Bárbaras e Ellens, suspiroso fiquei por ausentes Guidas e Vidinhas. Mas houve amores que venceram distâncias e não conseguiram vencer o tempo. E você, cronista?
– Cultivo o amor de convivência. Porque amor é abraço.

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Ivan Angelo

segunda-feira, 3 de março de 2008

Se se morre de amor! - Gonçalves Dias

Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!

(...)

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos,
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!

Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compr'ender, sem ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!

(...)
Decidido a ganhar sem as mãos pelas pernas passar
Alegremente a acreditar que um dia agente vai se amar
Esforçado nos passos esperando um caminho descente
Onde eu buscarei a felicidade com você de verdade
Seja você quem for tem todo meu amor
Decidido a não lutar mais por aquilo que me fez pequeno
Tão insignificante eu fui ?
Sempre ficará de me ver feliz assim
E eu estarei por ai
Esforçado para superar a próxima derrota
Humilde para aceitar as próximas vitórias
Com toda uma trajetória que me fez um idiota
Nossa história hj nem é mais história
Porém sua alma ainda ta lutando contra seu erro
E meu coração pede arrego não foi um erro pode ate ser um pesadelo
E que não haja quem tenha compaixão de nós
Sempre será seu direito, outros espelhos onde se veja onde quis chegar...


Je
Mas as vezes ainda consigo sorrir
Apesar de me sentir um tanto vazio, ainda tenho energia pra me sentir cheio novamente
E o que eu pretendo da vida, ver que não é sonho
E que na vida as vezes é difícil sorrir, quando olha para os lados e todos te enganaram
As vezes é complicado sonhar e sorrir quando vc nao está aqui
Todo o tempo tento sair fora deste pensamento, e me levantar de algum jeito
Que seja assim, esse ano é pra mim
Ou é agora ou nunca, ou é assim ou não é
Para tudo, todas promessas nao passaram de chaveco furado
Enquanto eu acreditava piamente que se pode ser feliz com o que se tem e com o que se é
A vida cobra caro, e só sobrevive quem te apetite pra batalhar
Talvez eu tenha esquecido tudo que sofri, e apenas sentindo o que vc não deixou eu sentir mais
Que seja assim, é a vida louca e eu sempre estive nela...
Quem sabe um dia eu sinta tanta alegria denovo, ou talvez um dia eu encontre alguém que me de tanta alegria de novo
E que me faça esquecer tudo que a vida veio me fazer sofrer!!!

Je

domingo, 2 de março de 2008